Já virou chavão. Sempre que morre alguma celebridade
ou um crime ganha grande repercussão, dizem tratar-se de um prato cheio
para o programa de Sonia Abrão (“A Tarde é Sua”, RedeTV!), volta e meia
associado à exploração da desgraça alheia por audiência fácil. Críticas à
parte, as atenções se voltaram para a atração após a morte do líder da
banda Charlie Brown Jr., o Chorão. Desta vez, a pauta mexe diretamente
com a vida da apresentadora, prima do músico.
Nesta quarta-feira, quando o Brasil acordou com a
notícia de que o vocalista havia sido encontrado morto no apartamento
que mantinha em São Paulo, Sonia – pelo fato de ser pessoa pública e
parente (algo que até então muita gente desconhecia) – também virou
notícia. Foi prestar solidariedade à família e apareceu em diferentes
veículos de imprensa.
No “A Tarde é Sua”, Sonia ganhou o mesmo status que nos outros
canais: o de entrevistada. O programa foi comandado pela repórter Cintia
Lima, demonstrando um ar de tristeza e homenagem (lembrou que foi a
shows e que as músicas do grupo marcaram sua adolescência). Ela fez
questão de frisar o quanto o momento é delicado para a titular da
atração.
O programa não deixou de dar detalhes sobre a morte. Teve plantão no
IML e na porta do apartamento onde Chorão foi encontrado morto. Assuntos
como uma possível overdose por uso de drogas e a separação da esposa
não ficaram de fora.Não chegou ao exagero da Record (e de seu portal na
Internet) de mostrar imagens do corpo no chão em meio à desordem do
local do crime. Nem o corpo sendo carregado em sacos plásticos. Não é
que pouparam o primo da Sonia Abrão. É que isso foi bem desnecessário,
diga-se de passagem.
Foi uma cobertura semelhante a que já vi o programa fazer na
despedida de outros artistas. Em outros casos foi mais sensacionalista?
Questão de ponto de vista. Teria seguido a linha da Record em outra
circunstância? Isso fica como incógnita (será?).
Quando uma reportagem tem dez minutos em vez de uma hora já é motivo
para dizerem que o assunto foi abordado com sensacionalismo. Mas em dez
minutos pode-se fazer um estrago e em uma hora só se encher linguiça.
Assim como fez com rádios, sites e outras emissoras de TV, Sonia
apareceu em reportagens sempre muito abalada. Apesar da emoção, disse
numa entrevista (que tomou boa parte do programa) que o primo “estava
deprimido e se sentindo muito sozinho”, “era muito família” e “falava em
encontrar o pai (já falecido)”.
E a apresentadora se manteve fora do estúdio nesta quinta-feira. Foi
novamente uma espécie de porta-voz da família na mídia, durante o
velório e o enterro. Nesse ponto uma gafe. O ex-Polegar Rafael Ilha
(repórter da atração) apareceu em matéria gravada e se referia todo
momento á Sonia, como se ela estivesse à frente do programa. Detalhe:
ele, assim como ela, estava no velório na cidade de Santos (faltou
edição). Em homenagem a Chorão, foi reprisada uma entrevista que o
cantor deu à prima (com o Charlie Brown Jr.) no programa “Falando
Francamente”, do SBT. Outros vídeos lembraram a trajetória da banda.
Em resumo: não tem cabimento a expectativa de alguns sobre como a
apresentadora “exploraria” o assunto, que ainda vai repercutir. O
programa é, de fato, conhecido por explorar casos policiais a fio (e ser
repetitivo nas análises dos especialistas de tudo e de sempre: o
consultor de segurança Jorge Lordello e o psicólogo Haroldo Lopes). Mas
não cabe a coluna julgar se Sonia fez certo ou errado. Ela não foi
apresentar o “A Tarde é Sua” e ponto. Algo compreensível diante da falta
de estrutura emocional e do desejo de estar com os familiares.
Termino afirmando que, independentemente do perfil do programa, a jornalista tem toda minha admiração. Já trabalhamos juntos no extinto Diário Popular e ela soube ultrapassar a linha da colunista de TV e vida dos famosos - da “fofoqueira” para muitos -, provando que é uma apresentadora com repertório para conduzir uma atração popular e falar sobre qualquer assunto com propriedade – capacidade que tem gente que não consegue enxergar em alguns profissionais.
Termino afirmando que, independentemente do perfil do programa, a jornalista tem toda minha admiração. Já trabalhamos juntos no extinto Diário Popular e ela soube ultrapassar a linha da colunista de TV e vida dos famosos - da “fofoqueira” para muitos -, provando que é uma apresentadora com repertório para conduzir uma atração popular e falar sobre qualquer assunto com propriedade – capacidade que tem gente que não consegue enxergar em alguns profissionais.
Nosso respeito à Sonia nesse momento difícil e conforto para a família.
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