Não foi só “Tapas & beijos” que sofreu mudanças radicais e
mutiladoras na temporada que estreou este ano. “A grande família”, no ar
desde 2001, entrou 2012 com alterações na sua essência. Além de
empobrecedoras, elas não funcionaram para trazer um novo fôlego à
história — como parece ter sido a intenção dos roteiristas. Pelo
contrário. Serviram para corromper uma espinha dorsal que carregava até
aqui com êxito os enredos da série. A história mudou, mas, pior ainda,
feriram a estrutura dos personagens.
Na atual temporada, Lineu
(Marco Nanini) acordou de um coma que durou quatro anos. Aqui vale um
parênteses para lembrar que, em 1999, o mesmo Nanini participou da
novela “Andando nas nuvens”. O que ele fazia? Um personagem que
despertava de um coma. A coincidência em si já provoca no público
assíduo de televisão uma sensação de déjà-vu. É a pior das reações se a
intenção em “A grande família” foi renovar.
Tudo está diferente.
Nenê (Marieta Severo), que era a expressão da dona de casa suburbana, a
doce agregadora da família, arrumou uma amiga e conselheira periguete,
Kely (Katiuscia Canoro). Agostinho (Pedro Cardoso) prosperou; sua
mulher, Bebel (Guta Stresser), se transformou numa perua sem nunca antes
na série ter mostrado esse tipo de aspiração; eles têm um filho
pré-adolescente, Florianinho (Vinícius Moreno); Tuco, o simpático
preguiçoso, agora é estrela de um humorístico. Só Paulão (Evandro
Mesquita) não mudou muito.
Além de Katiuscia, o excelente Luis
Miranda integra o elenco ampliado. Mas com tantos excelentes atores em
cena, a pergunta fica inevitável: por que mesmo reforçaram o time
original? As questões morais antes sempre em jogo no enredo — que tinha
como grande trunfo driblar os desfechos moralizantes bobinhos e comover —
deram lugar a tramas mais pobres, banais. Uma pena.
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