O “Casos de Família” é um programa polarizador. Ora visto como cult,
ora como trash, a atração comandada por Christina Rocha chama atenção
pelos temas inusitados e personagens engraçados. Por vezes, dá ao
espectador a impressão de que assiste algo tão bizarro que chega a ser
divertido. Ao mesmo tempo em que atrai audiência e incita curiosidade,
essa linha editorial corre o risco de passar do limite de maneira fácil.
Foi exatamente o que aconteceu nesta segunda-feira (29), quando a
produção perdeu qualquer noção do aceitável.
Sob o pretexto de mostrar homens que preferem mulheres mais jovens –
um tema que, em si, já guarda machismo -, o programa acabou por promover
um tema nefasto tratado com ares de normalidade: a pedofilia. Um dos
casos mostrados fala por si só e sua descrição no site oficial do SBT é
assustadora – a íntegra está disponível aqui. O texto: “Bahia
tem 52 anos e Mislene, 21. Ela está casada com ele desde seus 11 anos.
Ela conta que no começo ele vinha fazer certas ‘brincadeirinhas’ e ela
deixava, então foi assim que tudo começou. ‘Durante um tempo o Bahia
bebia muito, então me tiraram de perto dele’. Bahia conta que já ficou
com várias meninas mais novas, pois elas topavam fazer tudo por apenas 5
reais. Mas diz que depois disso, Mislene foi a única mulher que o
colocou na linha, apesar dela ter idade para ser sua filha.”
Esta é apenas uma das histórias contadas. As outras são tão horríveis quanto.
O “Casos de Família” não só levou ao ar um caso assustador como este
como resolveu tratá-lo com ares de “normalidade”. Afinal, “o crime já
teria sido prescrito”, como foi dito no palco da atração. É um absurdo,
um acinte e um desserviço. No final do programa, é preciso dizer, houve
um alerta para crianças não se deixarem ser tocadas por mais velhos e
foi divulgado um telefone para denúncia. Mas, depois de mostrar um
espetáculo deprimente como tal e tratar tudo como espetáculo, claro que
esse tipo de aviso fica em segundo plano. Absolutamente lamentável. E o
SBT, sendo uma emissora tradicional, deveria se envergonhar de pôr um
conteúdo desses no ar.
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